Aqui o que vale é pensar

Penso Logo... Questiono

segunda-feira, 11 de março de 2019

Campo devastado

Ontem achei que não conseguiria levantar hoje, dada a dor que meu coração carrega.
Fiz-me de forte e aguentei até o segundo onde perdi as esperanças e vi a chuva tocar o solo no momento em que as minhas lágrimas tocavam meu rosto. Até aquele último momento de esperança ainda pude acompanhar este fato para depois entregar-me, sem possibilidade de defesa ao rio de lágrimas que se fez em meu rosto.
Hoje, obrigado a erguer a casca vazia que restou do meu ser e ir ao trabalho diário notei que, o céu havia chorado em excesso também... minha derrota fora sentida e a tristeza compartilhada... morrera um ser nesta noite, o que sobrou foi somente a destruição que, por força da obrigação fui ver de perto. 



Encontrei na lama, nos carros cobertos pelas águas, no lixo em alturas que jamais sonharam em estar o espelho do que meu peito se tornara. 
Era minha imagem, do meu interior de frente para o espelho, a destruição que sobrou depois da devastação da guerra que assolou o meu coração.
Os olhares das pessoas sujas de lama salvar o que sobrou, encontrava em mim a reciprocidade.
Não houve surpresa em meu olhar parecia mesmo que eu assistia a mim mesmo buscando na lama algo de que sobrara do meu esforço inútil. 
Os olhares resignados e nas pernas cansadas e sujas de barro andando a esmo não conheci comoção em meu peito, nele reconhecia a empatia, de quem cansado se arrastava na mesma lama e, também, a esmo seguia junto de seus pares ambos sobre os destroços de anos de dedicação e esperanças. 
Não perdi nenhum bem material, como meus pares acabaram de perder mas, nesta hora, quando a dor ultrapassa o desejo das lágrimas não importa o motivo, a causa já deixou suas marcas, fica a incompreensão, a dor que de tão imensurável, encontra em outras dores a irmandade do sofrer sem palavras, do silêncio que não cala as palavras, mas, emudece a alma.
Assim choramos todos, agora sem uma lágrima sequer, pelo contrário, é a aridez da alma que faz de qualquer desgraça algo comum, algo tão tangível que sequer comove, pois, apenas se soma ao campo devastado dos próprios passos sem rumo que, os que sofrem, seguem juntos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisa