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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cultivando inutilmente, aceitando o fim do caminho

Morreu mais uma flor no canteiro onde dedico-me com esmero por toda a minha vida.
Não sei se são águas demais ou adubo de menos, sei somente que lá se foi mais um botão.
Cansado sento ao ver suas últimas pétalas ao chão e penso - "pra que jardinar"- enquanto nasce junto [ao pensar mais uma ferida.]
Todo o esforço, dedicação, esmero valeu de que realmente? Foi leite derramado ao chão.
Como o próprio ditado diz, chorar não resolve e neste sentido começo a questionar de que vale tudo isto.
Qual a motivação de seguir plantando na senda da vida inutilmente para apenas criar mais chagas e cravar meu ego de cânceirosos cistos.
Olho para trás e vejo que não há empenho que dê jeito, nem força de vontade que resolva o resultado sempre certo.
Parece que foi ontem o dia onde vi morrer o meu primeiro botão de rosa ainda bem jovem e fraco mesmo comigo ali, (a irmã querida), cuidando de perto.
Agora, anos passados, penso se talvez ali eu tivesse conseguindo coragem parar de cultivar e tido forças desistir.
Não teria dado vida a tanta dor, não teria visto cada botão agonizante deixando de existir.
Concordo que é difícil desistir de fazer algo ao qual queremos ter sucesso, ao qual nos empenhamos.
Mas, hoje vejo que ter coragem para desistir de vencer é algo muito maior do que tudo  o que lutamos.
Aceitar a derrota e sair definitivamente do campo de luta deixando de existir não é algo que qualquer um possa fazer.
Por este motivo, e somente este, creio que até hoje a palavra, desisto, a vida não consegui dizer.
Agora com esta última falha vejo que não há realmente possibilidade de vitória alguma.
Que não tenho água, adubo, cuidados e nem qualidade  de maneira nenhuma.
Contudo, sinto brotar em meu peito a coragem para desistir. Sinto que o destino hoje pede isso de mim.
Então agora, recolho meus esforços nos campos desta senda cotidiana, para aceitar que é hora de nisto tudo dar um fim
Reconhecer que não há mais caminhos a correr que não tenha no seu término o fracasso
Para assim poder fechar meus olhos com  a frieza segura do fino aço.


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