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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Não estou no espelho

De uns tempos para cá venho percebendo que realmente tenho TDAH, contudo, não tinha clareza do que seria ter isso. 
No início tudo estava ligado mais a desatenção e o pior dos problemas era esquecer compromissos e ter dificuldades com datas e de ouvir as pessoas por muito tempo.
Sentado diante de uma amiga porém, tudo mudou completamente num simples questionário inocente - "O que você acha que temos em comum? Por que você diz que se identifica comigo se somos quase o oposto? Não entendo como você vê pontos em comum entre a gente?"
Seria extremamente normal ouvir isso de diversas pessoas, mas desta não, neste momento algo assustador aconteceu eu percebi o que estava acontecendo.
Ela não estava errada, não era má percepção sobre mim e minha personalidade, nem muito menos uma falta de sensibilidade ou tentativa de se colocar em oposição a minha imagem. Não! Simplesmente não sou quem penso ser, em outras palavras, eu simplesmente não tenho a capacidade de enxergar a imagem que exponho de mim mesmo e me enxergo de forma totalmente distorcida.
Foi extremamente assustador notar o quanto sou diferente daquilo que imagino ser, me senti muito mal e pior que a descrição dela sobre mim foi precisa, tão precisa que não consigo sequer reproduzir aqui de tão dolorosa.
Em suma, vivo uma vida dentro de minha cabeça e outra fora dela e nesta outra vida sou extremamente diferente do que quero ser e é isso que passo ao mundo externo.
Para ser bem sincero quando aconteceu foi difícil, porém, agora que estou escrevendo realmente estou muito assustado, foi o mesmo que olhar para um espelho e simplesmente não reconhecer o reflexo.
Quem esta saindo todos os dias de manhã e conversando com as pessoas?
Quem esta falando com os meus amigos e sorrindo para as pessoas?
Quem fala em meu nome e usa as minhas ideias, que já saem distorcidas diga-se de passagem, usando minha voz se vendendo em meu lugar?
De tudo o que aprendi sobre esse transtorno essa é a mais lógica de todas, porém, não foi fácil reconhecer. Afinal de contas, como eu teria a percepção exata da imagem que vendo de mim mesmo se eu não tenho um foco adequado? Ou seja, como vou ter a visão exata de mim mesmo se sequer consigo dosar a quantidade de palavras que digo???

Descobrir é uma coisa, começar a se tratar é outra, agora começar a entender é extremamente assustador... é sentir-se refém de si mesmo... é olhar para o espelho e não se reconhecer...


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